O que acontece quando aquele que historicamente ocupou o centro agora é colocado à margem?
Excluded é uma obra que rasga o silêncio em torno de um novo tipo de exclusão: aquela que não pode ser nomeada, sob o risco de ser mal interpretada ou simplesmente cancelada.

A figura central — branca, masculina e heterossexual — aparece vazada, quase apagada, sem rosto, como se estivesse em processo de eliminação simbólica. Em volta da corpo, esteticamente e anatomicamente bela, rabiscos agressivos, rostos caricatos, referências ao caos da arte contemporânea e à crítica institucional (com ecos de Duchamp e “Merde d’Artiste”). O corpo nu e exposto não é mais símbolo de poder, mas de vulnerabilidade e desconforto.

No lugar onde muitos acreditam haver privilégio absoluto, a obra revela um silêncio imposto. O homem branco hétero, agora excluído do discurso dominante, é retratado não como vítima, mas como alguém que também carrega cicatrizes dentro de um sistema que agora o renega como “relevante”.

As palavras “White”, “Man” e “Straight” são cravadas com brutalidade. Abaixo, quase como um sussurro gritado: “This is nonsense!”
E no canto inferior: “Excluded.”

Essa obra não é um pedido de empatia. É uma denúncia visual sobre o risco de se combater um sistema de exclusão com novas formas de exclusão. É uma crítica ao ambiente artístico e cultural onde identidade virou moeda e onde a arte precisa gritar para ser ouvida — mas não pode dizer certas coisas.