Revolução Digital é uma pintura monumental que retrata o colapso emocional da era das redes sociais. Um emaranhado de corpos se contorce em agonia, todos conectados — e ao mesmo tempo profundamente isolados — pelas telas que carregam nas mãos. Os rostos sangram não por ferimentos físicos, mas por dores simbólicas: comparações, julgamentos, discursos de ódio.

A composição lembra cenas clássicas de batalhas ou do Juízo Final, mas aqui, o apocalipse é íntimo e digital. O barulho é silencioso, mas ensurdecedor.

O único olhar que fura a cena é o do próprio artista, autorretratado, apontando diretamente para o espectador. Esse gesto rompe a passividade e lança uma mensagem: “Eu estou aqui no meio… mas você também.”

A obra nos lembra que somos, ao mesmo tempo, vítimas e agentes da loucura conectada. Participamos da construção desse caos e dele também adoecemos.
Mais do que uma crítica à tecnologia, a pintura é um espelho do nosso tempo — emocionalmente sobrecarregado, esteticamente saturado e afetivamente esvaziado.

Revolução Digital não busca conforto. Ela incomoda, provoca e obriga a pensar:
em que ponto a conexão virou confronto? E o quanto de nós mesmos estamos sacrificando na vitrine infinita do digital?